06 janeiro 2015

E agora o que farão Dhlakama e Renamo? (5)

- "Nampula, 30 dez (Lusa) [2011] - O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, garantiu hoje que as manifestações, que visam destronar o Governo da FRELIMO do poder, vão realizar-se "a partir da primeira quinzena de janeiro". Aqui.
- "A Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, anunciou hoje a realização de "marchas políticas" em todo o país contra os resultados das eleições gerais de 15 de Outubro, considerando-as "as mais fraudulentas da história". Aqui.
- "A Renamo ameaça boicotar a nova Assembleia da República e as assembleias provinciais". Aqui.
Quinto número desta série. Prossigo com as hipóteses, passando agora para o segundo ponto proposto aqui. Escrevi já que o discurso de Afonso Dhlakama é frequentemente avaliado como puro veículo castrense. Na verdade, nenhuma evidência empírica mostra o contrário. Fisica e simbolicamente, o discurso é invariavelmente o mesmo: o da guerrilha, o do avança e recua, o do mostra e esconde, o do ataca e dulcifica. A contestação permanente é a regra, a irregularidade contra a regularidade o modelo comportamental. Portanto, este segundo ponto irriga o primeiro dado a conhecer aqui. Mas reentremos na pergunta da série: e agora o que farão Dhlakama e Renamo? Por hipótese, a resposta tem três pontos: (1) campanha de desobediência civil à Henri Thoureau, (2) regularidade da campanha no modelo do movimento social "magermane" e (3) ameaça de boicote à participação em órgãos legislativos, designadamente na Assembleia da República e nas Assembleias Provinciais. O objectivo é o da formação imediata de um governo de coligação, (1) flagelando rapidamente o Estado para concessões em termos de recursos de poder e prestígio e (2) criando preocupações ao grande Capital internacional com interesses no país no sentido de pressionar o Estado a criar um elenco governamental inclusivo. Aguardem a continuidade da série.
Adenda às 07:32: extractos: “Dissemos à Renamo que o prazo para a integração das suas forças residuais está a aproximar-se do fim. E que não há avanços. Na verdade, sempre que avaliamos a componente militar deste processo, constatamos que 85 a 90 por cento das questões que aparecem são administrativas – ou porque falta um ar condicionado, ou porque falta um gerador, ou porque faltam telefones móveis, ou porque falta telefone satélite, ou porque faltam mais dez pessoas para não sei onde… aquilo que é a missão desta componente militar, aquilo que é a sua missão operacional, o que é a sua missão política aparece referido em cerca de 10 ou 15 por cento dos relatórios semanais”, disse o Ministro Muthisse visivelmente agastado com a situação. [...] O Governo não pode estar em condições de poder aceitar uma definição que privatiza as FDS para duas partes. O entendimento do Executivo é que todo moçambicano, independentemente da sua pertença ou militância política; independentemente de ser da Renamo, da Frelimo, do PDD, do PIMO, do PASOMO ou de qualquer outro partido ou, independentemente, mesmo de ser membro de algum partido – porque a maior parte dos moçambicanos não é membro de partido algum –, o entendimento do Governo é que todos esses moçambicanos podem assumir postos de comando nas FADM e na Polícia”, frisou Muthisse para quem o moçambicano habilitado pode ocupar a cadeira de Comando aos mais diversos níveis, desde o comando-geral, passando pelos comandos regionais, provinciais, distritais, de batalhão, etc., etc. Aqui.
Adenda 2 às 08:49: não pode excluir-se um regresso da Renamo à guerrilha convencional caso o Estado não ceda às suas exigências.
Adenda 3 às 10:30: segundo o "@Verdade", o porta-voz da Renamo, António Muchanga, foi novamente detido. Aqui. Entretanto, recorde um texto do jornalista Jeremias Langa de 11 de Julho do ano passado, aqui.
Adenda 4 às 14:30: por que foi Muchanga detido segundo a polícia citada pela "Folha de Maputo", aqui.

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