20 dezembro 2011

Sobre a qualidade do ensino em Moçambique (34)

"Eu mesmo tenho frequentemente lembrado que, se existe uma verdade, é que a verdade é um lugar de lutas." (Pierre Bourdieu)
Mais um pouco da série, trabalhando com o sumário proposto, rigorosamente apenas lançando ideias e hipóteses, procurando continuamente problematizar um tema que requer pesquisa aprofundada.
6. Factores marginalizados - distância casa/escola.  Julgo ser possível defender que são muitas as nossas crianças que, diariamente, em particular nas zonas rurais, têm de percorrer enormes distâncias entre as suas casas e as escolas, não poucas vezes sem terem comido o que quer que seja. Esse esforço tem efeitos negativos no seu rendimento escolar. Igualmente há professores que precisam de percorrer grandes distâncias entre as suas casas e as escolas onde leccionam. Neste como nos casos anteriores que tenho estado a colocar à vossa consideração, estudantes e professores não podem ser encarados como meras peças do mesmo tipo do processo de ensino/aprendizagem, independentes de relações sociais assimétricas.
Prossigo mais tarde. Crédito da imagem aqui.
(continua)
Adenda às 6:29: "Os debates nos meios de comunicação sobre a qualidade da educação parecem sofrer da “síndrome do cobertor curto”: quando se puxa a reflexão para um lado, esquece-se outros lados do problema. Já dizia o velho Hegel que a verdade é o todo. Parece uma casa em reforma em que se acredita que o problema está apenas no encanamento: troca-se o encanamento, mas o chuveiro continua não funcionando direito. Então, coloca-se de novo o encanamento antigo e troca-se a fiação elétrica. De novo, o chuveiro não funciona. Volta-se a fiação antiga, e vai se consertar o telhado, etc. Depois, alguém dá o veredicto de que a casa não tem jeito, que resiste às mudanças..." - texto do brasileiro Celso Vasconcellos intitulado "O desafio da qualidade da educação", sugerido por Manuel Lobo, aqui.
Adenda 2 às 7:57: confira este trabalho inserto na versão digital de "O País" de hoje, aqui.

5 comentários:

Salvador Langa disse...

Há por aí muitos "especialistas" cheios de ideias de gabinete.

TaCuba disse...

Pois é há mesmo mesmo os analfabetos são sabichões.

BMatsombe disse...

A elite pouco preocupada está com "problemas cá em baixo"...

ricardo disse...

Uma escola precária, a 15 km da cidade, com uma praia paradisíaca a 100 m é convite tentador para faltar as aulas...assim sempre foi, mesmo quando eu andava na Escola.

Acho o exemplo forçado sr. Professor.

Talvez vos perguntasse porque razões, um aluno indiano ou chinês vivendo em condições muito mais deploráveis, prefere continuar na sala de aulas ao invés de dar um mergulho no mar...

Entretanto, sugiro uma leitura profilática disto:

http://www.aprendervirtual.com.br/noticiaInterna.php?ID=67&IDx=80

ricardo disse...

Mais depoimentos...

1-http://robertomoraes.blogspot.com/2006/09/ensino-na-ndia.html

2-http://www.iltec.pt/divling/_pdfs/linguas_guzerate.pdf

3- http://revistaensinosuperior.uol.com.br/textos.asp?codigo=11981

4-http://www.sidneyrezende.com/noticia/8052+japao+de+olho+no+ensino+da+india

Portanto, muitas vezes preferimos ficar a falar das unhas dos nossos pés. E quando assim é, o nosso horizonte visual estreita-se e fica preenchido por elas...