11 dezembro 2011

Sobre a qualidade do ensino em Moçambique (33)

"Eu mesmo tenho frequentemente lembrado que, se existe uma verdade, é que a verdade é um lugar de lutas." (Pierre Bourdieu)
Mais um pouco da série, trabalhando com o sumário proposto, rigorosamente apenas lançando ideias e hipóteses, procurando continuamente problematizar um tema que requer pesquisa aprofundada.
6. Factores marginalizados - distância casa/escola.  Um outro factor - quanto a mim, importante - a ter em conta na análise do rendimento escolar diz respeito à distância que medeia entre a casa do aluno e a escola. O que quero dizer com isso?
Prossigo mais tarde. Crédito da imagem aqui.
(continua)

5 comentários:

Salvador Langa disse...

Estará o ministro da Educação a ler isto?

ricardo disse...

Nao e um factor marginalizado. Ate tem sido amplificado...

O problema e que mesmo nos locais onde isso acontece, o Ensino e mau. Estudai a distribuicao das reprovacoes nos exames nacionais deste ano.

TaCuba disse...

Nos tempos de hoje alguém lá em cima está preocupado com aqueles cá em baixo?

Anónimo disse...

De facto a questao da planificacao das escolas é ainda um problema. Mas professor, na cidade de Xai-Xai, por exemplo, pela manha encontramos filas de meninas com baldes e latas para ir "carretar" agua. E essas moças têm que ir depois à Escola. Claro que com a fraca alimentacao que têm pelas manhas... agrava o seu estado de animo para enfrentar os desafios do conhecimento... Nao seria possivel encontrar uma solução local para esta situação? Um carro (txova) puxado por burros, para carregar e distribuir água pelos bairros, por exemplo?

Zulu disse...

Do meu ponto de vista todas abordagens em busca da compreensao do problema fracassam porque nao tem tido em conta reflexoes do passado.
No passado, anos imediatamente subsequentes a independencia o problema de ensino nao era tao grave como hoje. Um aluno da sexta classe de 1980 pelo menos sabia ler e escrever e mostrava as habilidades basicas de calculo. A tendencia continuou ate por volta de 1990 ou mesmo nas portas de 2000. A situacao se deteriora a partir desse tempo. O que aconteceu nas vesperas desse tempo e depois? Muita coisa. Ha poucas reflexoes nesse sentido mas ha experiencias vividas. Apos a independencia, a formacao do professor era muito focalizada, digamos conteudista, dominio pleno do conteudo da serie que a pessoa ia leccionar e com um aprofundamento de pelo menos 3 anos de avanco em relacao a classe visada. Desempenharam papel nessa modalidade de formacao o centro 8 de Marco e as EFEPs e outros centros de formacao de professores primarios. Acontece que no inicio da decada de 90 os modelos conteudistas de formacao de professores foram substituidos pelos modelos construtivistas e muito dificeis de implementar nas condicoes em que se encontram os formandos. Com estes novos modelos que em principio deviam exigir muito mais do professor para estimular a actividade do aluno acabam nao atingir o minimo que se deseja, por falta do conhecimento do implementador e das condicoes da implementacao da estrategia. Por isso vemos professores formados nos Intistutos Medios Pedagogicos (nona classe mais 3 anos de formacao) a terem um desempenho academico e profissional menor ou igaul a um professor da EFEP (sexta classe + 2 anos de formacao); um licenciado numa area de ensino (12 classe + 5 anos) a ter um desempenho academico e profissional menor ou igual a um professor formado no 8 de Marco (9 classe + 2 anos).
E como isso nao bastasse, actualmente a UP tem programas de Pos-Graduacao. Em vez de colocar os pos-graduandos a reflectir seriamente sobre o problema actaul da educacao em mocambique, implementa-se um plano deslocado da realidade. O que 'e que a teoria geral do curriculo ajuda para sanar os problemas concretos que vivemos hoje? Nada. A teoria geral do curriculo devia ser substituida pelo curriculo focalizado ao nivel dos cursos. Cada curso devia tentar buscar elementos essenciais da hsitoria e das experiencias vividas e capitalizar o que 'e vantajoso neste momento.