12 maio 2015

Xenofobia e shangaanfobia: história e estereótipos na África do Sul e em Moçambique (10)

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem. " [Bertolt Brecht]
Décimo número da série. Permaneço no quarto ponto do sumário proposto aqui, a saber: 4. África do Sul 2008, 2010 e 2015, passado ao subponto 4.3. Xenofobia, shangaanfobia, pogroms. Sob efeito das duas síndromes unidas, mutuamente percutindo-se, os Sul-Africanos pobres (mas talvez não só) têm projectado regularmente sobre os estrangeiros a acusação de que estes estão a roubar-lhes os empregos locais, de que estão a impedir a realização local de uma vida melhor, de que são os ladrões dos sonhos de ascensão social local. Tornam-se violentos, passam ao terceiro e quarto movimentos da xenofobia. Esse “rio” que se torna violento, sente que as “margens” o comprimem de forma violenta. A imputação vertical na direcção das classes possidentes locais é substituída pela imputação horizontal na direcção dos africanos estrangeiros.

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