03 março 2015

Intelectuais orgânicos do Diferente Solidário

“Nenhuma sociedade progrediu sem fazer a sua própria crítica, sem que os seus criadores e pensadores se metessem contra a corrente dos bem-pensantes (…) África tem necessidade de imprecadores.” [Henri Lopès, Mes trois identités, in Kandé, Sylvie (dir), Discours sur le métissage, Identités métisses, En quête d´Ariel. Paris: L´Harmattan, 1999, pp. 141-142]
Continua atormentado e agressivo o território daqueles para quem uma ideia política diferente é uma heresia, uma obscenidade, um perigo. Os intelectuais orgânicos do Mesmo Imutável entendem que uma ideia política diferente é especialmente perigosa porque é - defendem, convictos e irados - um atentado contra a integridade de um sistema, em última análise de um partido. Chegam rapidamente à tese da conspiração manipulando uma receita que combina mefistófeles, embaixadas e raças. O problema desses intelectuais orgânicos do Mesmo Imutável é que o país é cada vez mais rico não de samaritanos de última hora, de tiranos arvorados em democratas e de malandrins reaccionários com fórmulas pretensamente progressistas, mas de gente atenta e crítica, de imprecadores no sentido de Henri Lopès, de intelectuais orgânicos do Diferente Solidário, de pessoas que querem honestamente contribuir para um futuro mais digno. Essa é uma das mais maiores riquezas de Moçambique, contribuindo decisivamente para o seu crescimento e para a sua mundialização progressista.
Adenda às 10:19: "A nossa comunicação social deve criar e consolidar essa cultura de respeito pela diversidade de pensamento. Queremos uma cultura em que pensar diferente e transmitir essa diferença de pensamento seja um direito que assiste a cada moçambicano", disse Filipe Nyusi, falando na tomada de posse do vice-ministro do Mar, Águas Interiores e Pescas, Henriques Bongece, e do presidente do Conselho Superior da Comunicação Social (CSCS), Tomás Vieira Mário." Aqui.

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