06 agosto 2013

O aguilhão da história (sobre o assassinato do taxista moçambicano) (37)

"(...) a nossa preocupação no que se refere aos moçambicanos na África do Sul tem a ver com a extrema violência com eles tem sido tratados quando cometem crimes. Isto aconteceu agora, foi um caso excepcional, admitamos, mas também temos tido conhecimento de que os caçadores furtivos normalmente são mortos." - ministro Oldemiro Baloi
Trigésimo sétimo número da série, com o objectivo de mostrar que à retaguarda do assassinato de um taxista moçambicano existem uma história, um sistema e um processo de estereotipagem. Entro no nono número do sumário proposto aqui, a saber: 9. A teoria do aguilhão. Num dos seus livros, Elias Canneti escreveu o seguinte: "Toda a ordem é composta de uma impulsão e de um aguilhão. A impulsão constrange quem a recebe a executá-la em conformidade. O aguilhão resta no fundo daquele que executa a ordem. Quando as ordens funcionam normalmente, como se espera que assim seja, o aguilhão resta invisível [...]. Mas o aguilhão afunda-se profundamente na pessoa que executou a ordem e aí permanece sem alteração. Não há realidade física mais imutável. O conteúdo na ordem persiste no aguilhão; a sua força, o seu alcance, os seus limites, tudo isso foi prefigurado no instante mesmo em que a ordem foi dada. Anos inteiros podem passar, mesmo dezenas de anos, antes que esta parte absorvida e armazenada da ordem, a sua imagem exacta em miniatura, reapareça". É esta posição útil para o tema desta série? Permitam-me continuar mais tarde.
(continua)
Adenda: o vídeo a seguir contém imagens chocantes, aqui.
Adenda 2 às 7:34 de 05/03/2013: ouvidos ontem pela estação televisiva STV, camionistas moçambicanos que escalam a África do Sul queixaram-se de constantes maus tratos por parte da polícia sul-africana. Eles não gostam dos Moçambicanos - eis o resumo das intervenções.
Adenda 3 às 00:54 de 11/03/2013: este acontecimento trágico é propício não só ao sensacionalismo baixo-preço de certa imprensa, das redes sociais e dos blogues do copia/cola, como, também - estudem as televisões locais -, aos jogos políticos em geral e a certos jogos eleitoralistas em particular.
Adenda 4 às 00:51 de 22/03/2013: um trabalho no Sowetan (obrigado ao FL pelo envio da referência), com o título abaixo:

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Caramba caro Prof isto é uma série sem fim.