11 março 2013

O aguilhão da história (sobre o assassinato do taxista moçambicano) (10)

"(...) a nossa preocupação no que se refere aos moçambicanos na África do Sul tem a ver com a extrema violência com eles tem sido tratados quando cometem crimes. Isto aconteceu agora, foi um caso excepcional, admitamos, mas também temos tido conhecimento de que os caçadores furtivos normalmente são mortos." - ministro Oldemiro Baloi
Décimo número da série. Entro no quarto número do sumário proposto aqui, a saber: 4. As raízes sociais da excepcionalidade. Vamos lá ampliar a complexidade poliédrica deste fenómeno. Alguns polícias sul-africanos agrediram e amarraram às traseiras de uma carrinha um taxista moçambicano, após o que este morreu. Sem dúvida que estamos perante um fenómeno que não é normal, que não acontece habitualmente, que é, enfim, excepcional. Tudo se tornou, afinal, excepcional e catárquico: o fenómeno, a repercussão internacional e a exigência de justiça reparadora. De tanto aparentar ser apenas ele, o fenómeno surge como que estrangeiro à replicabilidade, como que exterior a raízes sociais.
Com a vossa permissão prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: o vídeo a seguir contém imagens chocantes, aqui.
Adenda 2 às 7:34 de 05/03/2013: ouvidos ontem pela estação televisiva STV, camionistas moçambicanos que escalam a África do Sul queixaram-se de constantes maus tratos por parte da polícia sul-africana. Eles não gostam dos Moçambicanos - eis o resumo das intervenções.
Adenda 3 às 00:54 de 11/03/2013: este acontecimento trágico é propício não só ao sensacionalismo baixo-preço de certa imprensa, das redes sociais e dos blogues do copia/cola, como, também - estudem as televisões locais -, aos jogos políticos em geral e a certos jogos eleitoralistas em particular.