26 outubro 2012

Por que regressa a Gorongosa a Dhlakama? (1)

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, deixou Nampula, onde viveu dois anos, e instalou-se na Gorongosa, província de Sofala, zona da sua antiga base central de uma guerra que durou 16 anos e teve consequências dramáticas. Parece que toca de novo - ameaçador, retroactivo - o clarim; jornais, blogues do copia/cola e redes sociais inquietam-se, multiplicando-se em títulos bombásticos e castrenses. Invertendo a ordem natural das coisas: por que regressa a Gorongosa a Dhlakama?
(continua)
Adenda: a manchete do "Savana" com data de hoje tem, em primeira página, o antetítulo "Lourenço do Rosário diz que FRELIMO deve libertar-se das mentes radicais" e o título "Exigências de Dhlakama são legítimas". As centrais 16 e 17 do semanário estão ocupadas com a entrevista com o reitor da Universidade Politécnica.
Adenda 2 às 6:30: de um texto meu de 2009 a propósito do núcleo dirigente da Renamo: "E assim temos um núcleo dirigente a viver a dureza do duplo constrangimento: por um lado, a tentativa de escapar em permanência ao roteiro histórico da guerrilha através da modernidade política do partido e da frequência regular dos corredores urbanos da afirmação e da disputa política (assembleia da República, mídia, viagens, seminários); por outro, a exposição contante e crescente à crítica, seja vinda do partido no poder, seja vinda da antiga oposição (hoje completamente acomodada). A virulência da crítica destrói os ganhos da desguerrilhação progressiva." Aqui.

2 comentários:

nachingweya disse...

Em minha opinião esta é apenas uma manifestação pacífica do homem longe das FIR. Peca por ter eleito a época da sementeira para este devaneio pois só os preguiçosos é que se prestam a manifestações durante a faina. Terá, por isso, menos impacto do que se tivesse lá ido depois da colheita quando a folia só se interrompe para curar a ressaca.
O problema é se um situacionista qualquer se lembra de queimar um camiãozinho no Djassi,Nhamatanda ou Caia. Ou retirar um troço de linha ferrea nas matas de Kambulatsitsi. Nessa mesma hora Moçambique caí diversos pontos na bolsa de valores do globo.
Aí as FADM ainda com glória por fazer, vão-se precipitar matam o homem e produzem um Mártir prejudicando muito mais a credibilidade de Moçambique.
O que estará ele a reivindicar? Participação no banquete dos recursos. E não é uma reivindicação desajustada vis a vis o que os nossos olhos vêem.
PS.: Entre nós, convenhamos que é difícil sustentar que há estabilidade politica e social quando UM DOS DOIS únicos subscritores do acordo de paz se diz marginalizado dos termos desse documento. É como um casamento em que apenas um dos cônjuges é feliz!
Mesmo que a culpa seja da parte infeliz reconheçamos que um casamento assim não funciona.
'Vezes há em uma boa guerra é melhor do que uma má paz'[?]

Salvador Langa disse...

Eles comem tudo eles comem tudo e não deixam nada.