03 dezembro 2011

Diário de campanha (11)

Prossigo a série, abordando mais alguns pontos, mas lamentando sempre não poder estar no terreno observando e ouvindo.
Fotografia eleitoral. A televisão tem mostrado os candidatos a edis acompanhados de cartazes com as suas fotos. Há dias, em Pemba, o candidato do Pahumo surgiu a tentar convencer duas senhoras dos méritos da sua campanha apontando para a sua fotografia num cartaz e dizendo "Vote neste homem!" Propaganda escrita, fala ao microfone, comícios, etc., tudo isso visa convencer potenciais leitores das virtudes do imaginário transmitido pelo (s) candidato (s). Mas uma fotografia é um momento especial, é um certo rosto, uma certa pessoa, um percurso único na vida, é a vida do (s) candidato (s) colada (s) num pano ou num pedaço de papel, é o candidato multiplicado. Para transmitir a imagem de um futuro pelo qual vale a pena confiar, o candidato sorri na foto, sorriso bondoso, sorriso de quem domina confiantemente a vida. Precisava averiguar se nestas eleições há uma utilização mais sistemática de fotos promocionais, algo como que uma tentativa mais persistente de afirmação pessoal.
Efeitos ópticos. Existe um evidente investimento nos efeitos ópticos, nos efeitos de sedução, de persuasão. Porém, há um problema sério, digamos que um problema moral: se durante anos as cidades em disputa acumularam problemas de vária índole, sente-se bem quem procura disfarçar a realidade com efeitos ópticos, substituir alegremente o passado por mais um futuro afirmado como ridente?
(continua)
Adenda 1: abordo múltiplos aspectos da engenharia eleitoral no seguinte livro: Serra, Carlos (dir), Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, 354 pp., confira especialmente pp. 43-243.
Adenda 2: recorde duas séries minhas, uma em 17 números intitulada Poder e representação: teatrocracia em Moçambique, aqui; outra, em 20 números, intitulada Para ganhar as eleições em Quelimane, aqui.
Adenda 3: o candidato da Frelimo em Quelimane, Lourenço Abubacar, tem uma página no facebook, aqui (propaganda promotora aqui); por sua vez, o candidato do MDM, Manuel de Araújo tem um portal na internet para a sua campanha, aqui. O Partido Humanitário de Moçambique não tem portal na internet, o mesmo sucedendo com o seu candidato a edil em Pemba, Emiliano Moçambique.
Adenda 4: segundo uma fonte sedeada em Quelimane, o primeiro-ministro Aires Aly "e toda a máquina da Frelimo estão em Quelimane, incluindo a governadora da cidade de Maputo. Por outro lado, está Deviz Simango, vai ficar aqui até ao dia das eleições."
Adenda 5 às 11:23: uma fonte de Quelimane fez-me este resumo: "O líder do MDM está a treinar os seus fiscais desde ontem em privado. Esta manhã, Itai Meque foi à Igreja do Sétimo Dia pedir votos e Verónica Macamo estava com jovens."

4 comentários:

Salvador Langa disse...

Promessas e mais promessas e quando as eleições terminam lá vem o período das coisas não cumpridas.

Paulo disse...

Político não é para cumprir, é para prometer!

izumoussufo disse...

Vir aqui em Pemba para ver como carros do estado são usados.

maria fijamo disse...

cheguei ontem as 23horas onde tive a possibilidade de ver in loco o que acontece na sede do mdm que fica ao lado da Frelimo ja que estive hospedada numa guest house mesmo nas barbas dos dois partidos. Ja que passam o tempo a confrontarem'se o mdm pegou em capim e pneus e queimou-os por detras das instalacoes da Frelimo, afugentando assim os membros e os que estavam de carro sairam com os carros com os vidros partidos. Depois disso o Mdm arreou a bandeira da Frelimo e ergueu a sua.Por volta das vinte apareceu Araujo que pediu que os jovens levassem o dia seguinte dez pessoas cada uma e prometeu camisetes para todos os jovens. Depois a seguir o porta voz pos se a rezar como se de uma missa se tratasse e dps foi o tempo do jantar.Ja ontem creio em funcao disso apareceu policia e militares que se posicionaram na zona. A Frelimo nao retornou ao lugar. Entretanto seguiu'se tamanha confusao porque muitos jovens aindan nao tinham recibido camisetes e puseram'se a cantar e a dar vivas a Frelimo e para mante-los calados as camisetes foram distribuidas...quando sai para o aeroporto as ruas estavam abarratodas, haavia gincana e ou motocross na estrada e os dois partidos cruzavam-se desta vez pacificamente.